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quarta-feira, 7 de abril de 2010

SACRAMENTO DA SANTA UNÇÃO

2- O Dom da Vida Eterna
Celebrar o sacramento da Santa Unção é proclamar a vitória da Vida eterna.
A Vida eterna não é uma realidade que apenas será real após a morte.
É importante que os enfermos que celebram o sacramento da Santa Unção entendam que a vida eterna já está a emergir no seu íntimo.
Após o acontecimento da Encarnação, o divino enxertou-se no humano, a fim de a vida eterna começar a emergir nele já agora.
A Divindade não é uma realidade histórica, mas é uma comunidade de três pessoas empenhadas na História do Homem.
Na sua ternura infinita e difusiva, Deus quis que a Humanidade tivesse parte na festa da vida eterna.
A plenitude desta vida acontece após a morte mas já está em marcha no processo histórico da humanização.A vida eterna na história está a acontecer como divinização do ser humano na medida em que esta se humaniza. O Novo Testamento usa expressões muito sugestivas para falar da dádiva gratuita da vida eterna:
“Pai, chegou a hora! Manifesta a glória do teu Filho, de modo que o Filho revele a tua glória. Tu, Pai, deste ao teu Filho poder sobre toda a Humanidade, a fim de ele dar a vida eterna a todos os que lhe entregaste. Pai Santo, a Vida Eterna consiste em conhecer-te, Pai, como único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quem enviaste” (Jo 17, 1-3).
São Paulo diz que a vida eterna é o grande dom que Deus oferece em Cristo, nesta fase da plenitude dos tempos: “O salário do pecado é a morte, mas a vida eterna é o dom gratuito que vem de Deus por Cristo, Senhor nosso” (Rm 6, 23).
Na Carta a Tito, São Paulo diz que é o mensageiro enviado aos homens, a fim destes conhecere4m a verdade da vida eterna: “Paulo, servo de Deus e apóstolo de Jesus Cristo, em ordem à fé dos eleitos de Deus e ao conhecimento da verdade, que conduz à piedade.
Assim é fortalecida a esperança na vida eterna, prometida desde os tempos antigos pelo Deus que não mente. Este mistério foi manifestado no devido tempo pela pregação da qual fui incumbido por mandato de Deus, nosso Salvador” (Tit 1, 1-3).
Além disso, acrescenta São Paulo, a vida eterna é um dom totalmente gratuito que Deus nos proporciona mediante a acção do Espírito Santo: “Mas quando se manifestou a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com a Humanidade, ele salvou-nos. Esta salvação não é devida às obras de justiça que tenhamos praticado, mas sim à sua misericórdia, através de um novo nascimento e renovação mediante o Espírito Santo, que ele derramou abundantemente sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador. Deste modo, uma vez justificados pela sua graça, vamo-nos tornando herdeiros da vida eterna que já vivemos na esperança” (Tit 3, 4-7).
A vida eterna é a Festa da Família de Deus, onde a Ternura Maternal de Deus, o Espírito Santo, é o princípio que enche o coração de todas as pessoas e anima as relações de comunhão entre Deus e os seres humanos.

O livro do Apocalipse descreve de modo maravilhoso a dinâmica amorosa da vida eterna: “Vi então um Novo Céu e uma Nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira terra tinham desaparecido e o mar já não existia. E vi descer do céu, de junto de Deus, a cidade santa, a nova Jerusalém, já preparada, qual noiva adornada para o seu esposo. Depois ouvi uma voz potente que vinha do trono e dizia:
“Esta é a morada de deus entre os homens. Ele habitará com os seres humanos e estes serão o seu povo. Deus estará com eles e será o seu Deus.
Ele enxugará todas as lágrimas dos seus olhos.
Não haverá mais morte, Nem luto, Nem pranto,
Nem dor, Pois as primeiras coisas passaram”.

O que estava sentado no trono disse:
“Eu renovo todas as coisas!”
E acrescentou:
“Escreve, porque estas palavras são dignas de fé, pois são verdadeiras”.
“É verdade: Eu sou o Alfa e o Ómega, O Princípio e o Fim!
Ao que tiver sede eu lhe darei a beber gratuitamente da nascente da Água da Vida.
O que vencer receberá estas coisas como herança e Eu serei o seu Deus e ele será o meu filho!” (Apc 21, 1-7).

Como vemos, a vida eterna é uma realidade relacional e orgânica.
Ninguém possui a vida eterna de modo isolado. Nem Deus, pois a divindade é uma comunhão orgânica de três pessoas.
O Espírito Santo, como ternura maternal de Deus é o princípio animador das relações e da comunhão orgânica que constitui a vida eterna.
A vida eterna emerge no coração de cada pessoa à medida em que esta se vai realizando na vida presente.
De facto, Deus assume e diviniza a pessoa humana na medida em que esta se humaniza, isto é, na medida em que esta emerge como ser espiritual capaz de interacção amorosa.

O evangelho de São João diz que a Encarnação é o princípio da vida eterna:
“Mas aos que receberam o Verbo, aos que crêem nele, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus. Estes não nasceram dos laços do sangue.
Também não nasceram de um impulso da carne nem da vontade do homem, mas sim de Deus. E o Verbo fez-se carne e habitou entre nós.
Nós vimos a sua glória, essa glória que ele possui como Filho unigénito do Pai, cheio de Graça e Verdade” (Jo 1, 12-14).

A vida eterna implica, portanto, a incorporação na Família de Deus que tem como resultado a divinização da pessoa humana.
Por outras palavras, a matéria-prima a ser divinizada é o resultado da humanização de cada pessoa.
A lei da humanização é um processo histórico que assenta sobre dois pólos: o pessoal e o sócio-cultural.
A nível pessoal a humanização acontece como emergência espiritual mediante relações de amor e convergência para a comunhão humana universal.
A nível sócio-cultural a humanização acontece como realidade étnica e cultural:
Implica a emergência livre das diferenças rácicas, linguísticas, culturais e convergência para a edificação da paz e da fraternidade universal.
A vida eterna é um dom gratuito de Deus que implica a divinização, isto é, uma interacção de tipo familiar com as pessoas divinas.
Isto significa, portanto, que a vida eterna é algo que já está em marcha na vida presente.
Viver a vida eterna, diz a Primeira Carta de São João, é viver o amor aos irmãos, o único caminho que conduz à comunhão com Deus:
“Nós sabemos que passámos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama permanece na morte.
Todo o que tem ódio ao seu irmão é um homicida e vós bem sabeis que nenhum homicida tem dentro de si a vida eterna” (1 Jo 3, 14-15).
Depois acrescenta que a vida eterna é realmente um dom que Deus nos concede e não algo que nós possamos ter isoladamente.
Ninguém pode possuir a vida eterna sem o dom que nos vem de Deus através de Jesus ressuscitado.
Esse dom é o Espírito Santo: “ É este o testemunho: Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está no seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o filho não tem a vida” (1 Jo 5, 11-12).

A vida eterna, por ser pessoal, define-se pela qualidade das suas relações amorosas.
A vida eterna e a morte eterna dependem da atitude da pessoa perante o amor, enquanto vive na história

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