Um senhor, já de certa idade, veio à clínica onde, por norma trabalho, para tratar de uma ferida na mão.
Via-se bem que estava com dores, mas também com muita pressa.
Enquanto lhe fazia o curativo, perguntei-lhe:
-Porquê, tanta urgência? Há um motivo forte para tanta pressa?
Hoje-respondeu ele- tenho uma certa urgência em me tratar, sair e resolver um assunto importante.Tenho de ir a um lar de idosos levar uma flor a quem mais quero neste mundo que é a minha esposa.Está lá internada e faz hoje anos. Tem a doença de Alzheimer já muito avançada.
Com o curativo feito, perguntei-lhe:
-Se o senhor chegar atrazado, acha que a sua esposa se vai importar'
-Acho que não. Ela não sabe quem eu sou. Vou vê-la praticamente todos os dias. Mas ela há cinco anos que não me conhece!
O médico, admirado, perguntou-lhe:
-Então, se ela não sabe quem o senhor é, porque tem necessidade de a ir ver e, às vezes, com tanta pressa, como hoje?!
O senhor sorriu, deu uma palmadinha nas costas do médico e respondeu:
-Ela não sabe quem eu sou, mas eu ainda sei muito bem quem ela é e, não posso deixar de lhe levar hoje uma flor bonita, como prenda de anos.!
O médico, com dificuldade em suster as lágrimas, viu-o sair apressado e desejou que aquela classe de amor fosse a que desejava para ele.É que o amor não se reduz ao físico, mas á aceitação do que o outro é, no campo físico e moral.
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