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quarta-feira, 23 de junho de 2010

VOÇÊ CONHECE QUEM FOI SÃO JOÃO BAPTISTA?





A liturgia faz-nos celebrar a Natividade de São João Baptista, o único Santo do qual se comemora o nascimento, porque marcou o início do cumprimento das promessas divinas: João é aquele «profeta», identificado com Elias, que estava destinado a preceder imediatamente o Messias para preparar o povo de Israel para a sua vinda (cf. Mt 11, 14; 17, 10-13). A sua festa recorda-nos que a nossa vida é inteira e sempre «relativa» a Cristo e realiza-se acolhendo-O, que é Palavra, Luz e Esposo, do qual nós somos vozes, lâmpadas e amigos (cf. Jo 1, 1-13; 1, 7-8; 3, 29). «Ele é que deve crescer, e eu diminuir» (Jo 3, 30): esta expressão do Baptista é programática para cada cristão. (Bento XVI, Angelus, 25 de Junho de 2006)


Cinco séculos já haviam passado sem que se suscitasse profeta em Israel. Por que? Porque a vinda daquele que os profetas haviam anunciado estava próxima.

Os tempos se cumpriram. Jacó havia predito que o Messias viria quando o cetro ou o poder soberano saísse de Judá. O povo de Judá não tinha mais o poder soberano: residia agora nas mãos do idumeu Herodes , que o recebera dos romanos.

Os romanos eram os verdadeiros senhores. Sucederam-se quatro impérios, de Daniel a Jesus Cristo. O quarto império, o dos romanos, estendia-se sobre todos os povos. Após longas, longas e sangrentas guerras, reinava paz, uma paz universal.

Estava para vir o Deus da paz. Todos o esperavam. Não somente os judeus, mas os gentios também. Nessa expectativa geral, eram sobretudo justos que redobravam as preces e votos.


Havia outro homem em Jerusalém. Chamava-se Simeão. Justo e piedoso, esperava a consolação de Israel. O Espírito Santo, que nele fazia morada fê-lo saber que não veria a morte antes de ver a Jesus, o Cristo.

Na mesma esperança, uma santa viúva, Ana a profetisa, não abandonava o templo, onde jejuava e orava dia e noite.

O sacerdote Zacarias, oferecendo o incenso diante do santuário, vira um anjo, o anjo que lhe anunciou que seria pai do Precursor, profeta que precederia imediatamente ao Senhor.

Zacarias disse ao anjo:

- Como conhecerei isto? Porque sou velho, e minha mulher está avançada em anos.

Respondendo, o anjo, disse-lhe:

- Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus; e fui enviado para te falar e te dar esta boa nova. Eis que ficará mudo, e não poderás falar até o dia em que estas coisas sucedam, visto que não acreditaste nas minhas palavras, que se hão de cumprir a seu tempo.

E o povo, saindo Zacarias do templo, percebeu que vira misteriosa aparição. E a esperança de conhecer em breve o Messias nasceu em todos os corações, confortadoramente.

A misteriosa aparição de Zacarias começou a revelar-se. E um filho lhe nasceu de Isabel. Quem era aquela criança? Contavam-se dela coisas maravilhosas. Uma virgem de Nazaré fora saudar a mãe. À saudação, estremecera ele de alegria nas entranhas maternas. E a mãe, cheia do Espírito Santo, profetizou da virgem de Nazaré coisas extraordinárias.

Quem era aquela criança? Que nome lhe dariam? Não teria o nome do pai, Zacarias, que quer dizer lembrança de Deus, mas João, ou seja, cheio de graça. E logo ao pai se lhe soltou a língua, e cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo:

"Bendito seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e resgatou o seu povo; e suscitou uma força para nos salvar, na casa de seu servo Davi, conforme anunciou pela boca dos seus santos, de seus profetas, desde os tempos antigos; que nos livraria de nossos inimigos, e das mãos de todos os que nos odeiam; para exercer a sua misericórdia a favor de nossos pais, e lembrar-se da sua santa aliança, segundo o juramento que fez a nosso pai Abraão, de nos conceder que, livres das mãos dos nossos inimigos, o sirvamos sem temor, andando diante dele com santidade e justiça, durante todos os dias da nossa vida.

E tu, menino, será chamado o profeta do Altíssimo, porque irás adiante da face do Senhor a preparar os seus caminhos; para dar a seu povo o conhecimento da salvação, para remissão dos seus pecados, pelas entranhas da misericórdia do nosso Deus, graças a qual nos visitou do alto o Sol nascente. Para alumiar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte; para dirigir os nossos passos no caminho da paz."

Ora, o menino crescia e se fortificava nos desertos até o dia da sua manifestação a Israel.

Na ausência de indicações exatas da parte de São Lucas, é difícil precisar a idade com que São João Batista buscou o deserto. É provável que, embora jovem, estava o santo Precursor suficientemente apto para prover-se a si próprio, o que leva a crer que contava de dez a doze anos. Os pais, naturalmente, já haviam falecido.

Que vida levava São João no deserto? Diz o Padre Buzy:

É inútil demorar-se a descrever o gênero de vida do Precursor no deserto ... É certo que o precoce anacoreta viveu por conta da divina Providência.

Mais adiante comenta:

Algumas ervas na primavera, raízes, mel, frutas silvestres, tais eram, pouco mais ou menos, as riquezas de que fruia. Mas se o corpo era tratado com rigor, a alma alimentava-se abundantemente com os divinos festins da oração e da reflexão.

E veio o ministério de São João e o batismo de Jesus.

No ano décimo-quinto do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, e Herodes tetrarca da Galiléia, e Filipe, seu irmão, tetrarca da Ituréia e da província da Traconítida, e Lisânias tetrarca da Abilina, sendo pontífices Anás e Caifás, o Senhor falou a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele foi por toda a terra do Jordão, pregando o batismo de penitência para remissão dos pecados, como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas. Todo o vale será terraplanado, e todo o monte e colina será arrasado, e os escabrosos planos; e todo o homem verá a salvação de Deus..

Dizia pois João às multidões, que vinham para ser por ele batizadas:

- Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que vos ameaça? Fazei, portanto, frutos dignos de penitência, e não comeceis a dizer: Temos Abraão por pai. Porque eu vos digo que Deus é poderoso para suscitar destas pedras filhos de Abraão. Porque o machado já está posto à raiz das árvores. Toda a árvore que não dá bom fruto, será cortada e lançada no fogo.

E as multidões interrogavam-no, dizendo:


- Que devemos, pois nós fazer? Respondendo, dizia-lhes:

- O que tem duas túnicas, dê uma ao que não tem; e o que tem que comer, faça o mesmo.

Foram também publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe:

- Mestre, que devemos nós fazer? - Ele lhes respondeu:

- Não exijais nada além do que vos está fixado.

Interrogaram-no também os soldados, dizendo:

- E nós que faremos? - Ele lhes disse:

- Não façais violência a ninguém, nem denuncieis falsamente, e contentai-vos com o vosso soldo.

Estando o povo na expectativa, e pensando todos nos seus corações que talvez fosse o Cristo, João respondeu dizendo a todos:

Eu, na verdade, batizo-vos em água, mas virá um mais forte do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia dos seus sapatos; ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo; tomará na sua mão a pá, e limpará a sua eira, e recolherá o trigo no seu celeiro, mas a palha queimá-la-á num fogo inextinguível.

E pregava muitas outras coisas ao povo, instruindo-o.

E ele, João, tinha seu vestido feito de peles de camelo, e um cinto de couro em volta dos rins; e o seu alimento era gafanhotos e mel silvestre.

E ia ter com ele Jerusalém e toda a Judéia e toda a região do Jordão, confessando os seus pecados. Todos corriam escutá-lo, mas nem todos buscavam o batismo: Todo o povo que o ouviu, mesmo os publicanos, deram, glória a Deus, fazendo-se batizar com o batismo de João. Os fariseus, porém, e os doutores da lei frustraram o desígnio de Deus a respeito deles, não se fazendo batizar por ele.

E que exigia São João Batista dos discípulos? Um arrependimento moral, uma conversão interior, uma pureza toda espiritual, do que a recepção do batismo seria o sinal.

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Eis o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas a perguntar-lhe:

- Quem és tu?

Ele confessou a verdade e não a negou; e confessou:

- Eu não sou o Cristo. - Eles lhe perguntaram:

- Quem és pois? És tu Elias? - Ele respondeu:

- Não sou.

- És tu o profeta? - Não. - Disseram-lhe então:

- Quem és, pois, para que possamos dar resposta aos que nos enviaram: Que dizer de ti mesmo? - Disse-lhes ele:

- Eu sou a voz que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.

Ora, os que tinham sido enviados eram fariseus. Interrogaram-no dizendo:

- Como batizas, pois, se não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? - João respondeu-lhes, dizendo:

- Eu batizo em água, mas no meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é o que há de vir depois de mim, ao qual não sou digno de desatar a correia das sandálias.

Estas coisas passaram-se em Betânia, da banda de além Jordão, onde João estava batizando.

João e Jesus iam encontrar-se:

Então Jesus da Galiléia ao Jordão e apresentou-se a João para ser batizado por ele, Mas João opunha-se, dizendo:


- Sou eu que devo ser batizado por ti, e tu vens a mim? - Respondendo Jesus, disse-lhe:

- Deixa por agora, pois convém que cumpramos assim toda a justiça. Ele, então deixou-o.

Depois que foi batizado, Jesus saiu logo da água. E eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo descer como pomba, e vir sobre ele. E eis que se ouviu uma voz do céu, que dizia:

- Este é o meu filho amado, no qual pus as minhas complacências.

No dia seguinte, João viu Jesus que vinha ter com ele, e disse:

Eis o Cordeiro de Deus, eis o que tira o pecado do mundo. Este é aquele, de quem eu disse: - Depois de mim vem um homem que me foi preferido, porque era antes de mim, e eu não o conhecia, mas vim batizar em água, para ele ser reconhecido em Israel.

João deu testemunho, dizendo:

Vi o Espírito descer do céu em forma de pomba, e repousou sobre ele. Eu não o conhecia, mas o que me mandou batizar em água, disse-me:

- Aquele, sobre quem vires descer e repousar o Espírito, esse é o que batiza no Espírito Santo. Eu o vi, e dei testemunho de que ele é o Filho de Deus.

SÃO JOÃO BATISTA

Depois de Nossa Senhora, talvez seja João Batista o santo mais venerado pelos Cristãos.

Como a Santa Mãe de Deus, dele também se celebra a data de dois nascimentos: para a vida terrena, em 24 de junho, e para a vida eterna em 29 de agosto. Aliás, São João e Maria Santíssima eram parentes bem próximos.

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Já no Antigo Testamento encontramos trechos que se referem a São João Batista, o Precursor: estrela da manhã que com o seu brilho excedia o brilho de todas as outras estrelas e anunciava a manhã do dia abençoado, iluminado pelo Sol espiritual de Cristo (Mal. 4:2). Ver Isaías.

Por causa de suas pregações, São João foi logo tido como profeta. Aquela categoria de homens especialmente escolhidos pela Providencia que, falando por inspiração divina, prenunciam os acontecimentos, ouvem e interpretam os passos do Criador na história, orientando o caminhar do povo de Deus.

Os Santos Evangelhos referem-se a ele como sendo um desses homens. Talvez como sendo o maior deles (Lc 7, 26-28), uma vez que com São João Batista a missão profética atingiu sua plenitude e ele é um dos elos de ligação entre o Antigo e o Novo Testamento.

Os outros profetas foram um prenúncio do Batista. Só ele pôde apresentar o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo em pessoa como sendo o messias prometido, o salvador e redentor da humanidade.

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O Evangelista São Lucas nos conta que João, o "Batista", o "Precursor", nasceu numa cidade do reino de Judá, perto de Hebron, nas montanhas, ao sul de Jerusalém e que era descendente do santo patriarca Abraão, iniciador da historia do povo de Israel.

Seu pai foi o sacerdote São Zacarias (da geração de Aarão) e sua Mãe foi Santa Isabel (da geração de Davi), prima da Virgem Maria, mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Lucas ressalta também as circunstâncias sobrenaturais que precederam o nascimento de João Batista: Isabel, estéril e já idosa, viu ser possível realizar seu justo desejo de ter um descendente quando o arcanjo São Gabriel anunciou a Zacarias, seu esposo, que ela daria a luz a um filho. O menino deveria chamar-se João e seria o precursor do Salvador.

Pela graça de Deus o menino não foi morto no massacre dos inocentes quando milhares de crianças foram assassinadas na região de Belém a mando de Herodes.

Alguns meses depois de engravidar-se, Isabel recebeu a visita de Nossa Senhora: "Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel.

Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

E exclamou em alta voz: "Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio." (Lc 1:39-44).

Essas circunstâncias, impregnados de um clima sobrenatural, foram preparadas sabiamente pela Divina Providencia para que o papel de João Batista fosse realçado como precursor de Cristo. Esses fatos aconteceram por volta do ano 5, antes de Cristo, no território onde habitava a tribo de Judá.

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Estando ainda em sua juventude, João retirou-se para o deserto. Nesse ambiente austero, recolhido e afastado dos homens ele preparou-se para sua missão. Vestido de pêlos de camelo e um cinturão de couro, ele alimentava-se apenas de mel silvestre e gafanhotos.

Com jejuns e orações, colocou-se por inteiro na presença do Altíssimo, levando uma vida extremamente coerente com seus ensinamentos. Permaneceu no deserto até por volta de seus trinta anos quando iniciou suas pregações às margens do rio Jordão.

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A relevância do papel de São João Batista reside no fato de ter sido ele o "precursor" de Cristo. Foi ele a voz que clamava no deserto anunciando a chegada do Messias não cessando, jamais, de chamar os homens à conversão: "Arrependei-vos e convertei-vos, pois o reino de Deus está próximo". Em suas pregações Insistia sempre para que os judeus, pela penitência, se preparassem pois estava próxima a chegada do Messias prometido.

João passou a ser conhecido como "Batista" por causa da importância que dava ao batismo, um ritual de purificação corporal onde a imersão na água simbolizava a mudança de vida interior do batizado.

Não deixava nunca de salientar aos seus ouvintes e discípulos que "Depois de mim vem um homem que passou à minha frente, porque antes de mim ele já existia! Eu também não o conhecia, mas vim batizar com água para que ele fosse manifestado a Israel".

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João pregou também na corte de Herodes Antipas, tetrarca da Galiléia.

Foi ai que ele teve oportunidade de denunciar a vida escandalosa que o governante levava. E foi também essa denuncia que serviu de motivo para que João Batista fosse preso.

Ele só não foi condenado à morte nessa ocasião porque o tetrarca sabia da popularidade do já muito conhecido pregador e temia a reação do povo diante dessa medida extrema.

Porém, como relata o evangelista São Marcos (6: 21-29), aconteceu que durante as comemorações do aniversário de Herodes, Salomé, filha de Herodíades - mulher com a qual o governante mantinha um relacionamento irregular e imoral - agradou tanto ao aniversariante que este prometeu atender qualquer pedido feito pela moça.

Instigada pela mãe, ela pediu a cabeça de João Batista. Herodes cumpriu o que havia prometido: mandou degolar João Batista e sua cabeça foi trazida numa bandeja e entregue a Salomé.

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"Entre os filhos de mulher, ninguém ultrapassa João Batista" (Lc 7,28): a vaidade, o orgulho, a soberba, jamais encontraram lugar em seu coração.

Por causa de sua austeridade e de sua fidelidade cristã, ele foi confundido com o próprio Jesus Cristo, mas, imediatamente, ele retruca: "Eu não sou o Cristo, mas fui enviado diante dele." (Jo 3, 28) e "não sou digno de desatar a correia de sua sandália". (Jo 1,27). João batizou Jesus, embora não quisesse fazê-lo, dizendo: "Eu é que tenho necessidade de ser batizado por ti e tu vens a mim ?" (Mt 3:14).

Quando seus discípulos hesitantes não sabiam a quem seguir, ele apontava na direção daquele que é o único caminho: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo". (Jo 1,29).

E dava testemunho de Jesus: "Eu vi o Espírito descer do céu, como pomba, e permanecer sobre ele. Pois eu não o conhecia, mas quem me enviou disse-me: Aquele sobre quem vires o Espírito descer e permanecer, é ele que batiza com Espírito Santo. Eu vi, e por isso dou testemunho: ele é o Filho de Deus!"


O batismo de Nosso Senhor marcou o apogeu do ministério de São João. Dali em diante, o Precursor, a pouco e pouco, voluntariamente, foi-se apagando até que desapareceu.

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Como São João Batista se encontrou com Herodes: A história não o diz, mas os textos evangélicos dão bem a impressão duma entrevista cara a cara, em que o Precursor repreende o tirano:

Porém, Herodes tetrarca, sendo repreendido por ele por causa de Herodíades, mulher de seu irmão, e por causa de todos os males que tinha feito, acrescentou a todos os outros crimes também este: mandar meter João num cárcere:

Diz São Marcos:

Com efeito, Herodes tinha mandado prender João, e teve-o a ferros no cárcere, por causa de Herodíades, mulher de Filipe, seu irmão, com a qual tinha casado ilicitamente. Porque João dizia a Herodes:

Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.

Herodíades tinha-lhe rancor e queria fazê-lo morrer, mas não podia, porque Herodes, sabendo que João era varão justo e santo, olhava-o com respeito, protegia-o, e quando o ouvia, ficava muito perplexo, mas ouvia-o de boa vontade.

Na prisão, São João Batista certamente teve várias entrevistas com o déspota, e, apesar de contido, devia ter ficado ao par dos acontecimentos que se relacionavam com o Messias, graças aos discípulos que entravam e sabiam. Só assim poderia ter enviado a Jesus uma deputação:

E como João, estando no cárcere, tivesse ouvido falar das obras de Cristo, enviou dois de seus discípulos, a dizer-lhe: - és tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro: Respondendo Jesus, disse-lhe: - Ide, e contai a João o que ouvistes e vistes: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, os pobres são evangelizados; e bem-aventurado aquele que não encontrar em mim motivo de escândalo.

João, aqui, não duvidava de que Jesus fosse o Messias. Mandou os discípulos com tal embaixada ao Salvador para que ficassem igualmente convencidos da mesma verdade. E Jesus, que fez Ele? Jesus respondeu-lhes indiretamente, mostrando que nEle se realizaram os caracteres do Messias, preditos pelo profeta Isaías.

Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então saltará o coxo como um veado, e desatar-se-á alegremente a língua dos mudos. E:

O Espírito do Senhor repousa sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou-me a levar a boa nova aos infelizes, a curar os de coração despedaçado, a anunciar a redenção aos cativos e a liberdade aos encarcerados; a publicar o ano da graça do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus, a consolar todos os que choram.

Em São Lucas também há a a passagem em que João Batista envia a Jesus dois dos seus discípulos:

Referiram a João os seus discípulos todas estas coisas. E João chamou dois dos seus discípulos, enviou-os a Jesus a dizer-lhe: - És tu o que há de vir ou devemos esperar outro?

Naquela mesma hora, Jesus curou muitos de enfermidades, de males, de espíritos malignos, e deu vista a muitos cegos. Depois, respondendo, disse-lhes:

Ide referir a João o que vistes e ouvistes: Os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são limpos, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, aos pobres é anunciado o Evangelho; e bem-aventurado aquele que se não escandalizar a meu respeito.

Imediatamente após a partida dos discípulos de João, fez Nosso Senhor um magnífico elogio ao Precursor, dizendo às turbas:

Que fostes vós ver ao deserto: Uma cana agitada pelo vento? Mas que fostes ver? Um homem vestido de roupas delicadas: mas os que vestem roupas preciosas, e vivem entre delícias, são os que vivem nos palácios dos reis. Mas que fostes ver? Um profeta? Sim, digo-vos eu, e mais ainda que um profeta. Este é aquele de quem está escrito: Eis que eu envio o meu anjo adiante de ti, o qual preparará o teu caminho diante de ti. Porque eu vos digo: Entre os nascidos das mulheres, não há maior profeta do que João Batista; porém, o que é menor no reino de Deus é maior do que ele.

Todo o povo que o ouviu, mesmo os publicanos, deram glória a Deus, fazendo-se batizar com o batismo de João. Os fariseus, porém, e os doutores da lei frustraram o desígnio de Deus a respeito deles, não se fazendo batizar por ele.

Entre todos os homens que até então tinham sido investidos por Deus duma missão providencial, nenhum foi levado a uma função tão eminente, tão alta como o foi São João Batista. Mas o menor no reino dos céus, isto é, no Novo Testamento, é maior do que ele. João Batista, como precursor do Messias, pertence ao Velho Testamento, e, como discípulo de Jesus, pretende ao Novo. Na passagem acima, é considerado só como precursor, e, como tal, é ele inferior em dignidade ao mais pequeno dos discípulos de Jesus, visto que a religião cristã excede muito a religião mosaica. (Pe. Matos Soares, Bíblia, Comentários)

Era chegada a última hora do santo Precursor.

Chegando um dia oportuno, Herodes, no aniversário do seu nascimento, deu um banquete aos grandes da corte, aos tribunos e aos principais da Galiléia. E tendo entrado na sala da filha da mesma Herodíades, dançou e agradou Herodes e aos seus convivas. O rei disse à moça:

- Pede-me o que quiseres, dar-te-ei, ainda que seja metade do meu reino.


Ela, tendo saído, disse a sua mãe:

- Que hei de eu pedir? - Ela lhe respondeu:

- A cabeça de João Batista.

E tornando logo a entrar apressadamente junto do rei, pediu, dizendo:

- Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João Batista.

O rei entristeceu-se, mas por causa do juramente e dos convivas, não quis desgostá-la, e imediatamente mandou um verdugo, com a ordem de trazer a cabeça de João. Ele foi e o degolou no cárcere, levou a sua cabeça num prato, deu à moça, e a moça a deu a sua mãe. Tendo ouvido isto, os discípulos foram e tomaram seu corpo, e o depuseram num sepulcro.

Era na primavera do ano 29, e João Batista devia ter menos de trinta e um ano, tendo ficado preso por oito ou nove meses.

O culto do Precursor remonta ao século IV. A mais célebre e antiga igreja elevada no Ocidente em honra de São João Batista é a basílica de Latrão, cuja fundação ultrapassa a Constantino.

No Oriente, São João Batista é representado com asas.

(Vida de Santos, Pe. Rohrbacher, Volume XI, p. 143 à 160)



Oração a São João Batista

São João Batista, fostes a voz que clamou no deserto: "Endireitai os caminhos do Senhor... fazei penitência, porque no meio de vós está quem não conheceis e do qual eu não sou digno de desatar os cordões das sandálias", ajudai-me a fazer penitência das minhas faltas para que eu me torne digno do perdão daquele que vós anunciastes com estas palavras: "Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira os pecados do mundo".
São João Batista, rogai por nós

ARAUTOS DO EVANGELHO

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